"Soares é Triste"

Desde muito pequena que aguardava ansiosamente o dia em iria votar pela primeira vez, não fizesse eu parte de uma família de principios e ideiais políticos bem definidos e controversos. Assim, cresci entre os comentários da minha mãe contra tudo o que fosse comunista, as revistas do meu pai sobre "A Vida Soviética" e os calorosos discursos do meu avô sobre o seu grande "amigo" Cunhal (quanto à minha avó era muito mais discreta e votava sempre no que tinha o símbolo da "mãozinha").
Cedo dei início à minha partcipação activa nas acções políticas do Partido Socialista, aquele que na altura percebi ser o partido da conciliação, que permitia que os meus pais não discutissem sobre quem me tinha influenciado mais nas minhas opções políticas. Sendo militante do PS, pensava eu, permitia-me deambular pelos dois universos dos meus progenitores sem entrar em conflito com nenhum de uma forma manifesta e violenta. Na verdade, os meus pais nem perceberam este meu conflito interior e aceitaram o facto com naturalidade, percebndo desde logo que o deslumbramento era temporário. Quem nunca soube da minha miltância foi o meu avô, que todos os anos patrocinava a minha ida à festa do Avante (que considero magnífica) e a quem fiz questão de não contar pois não suportava viver com a sua desaprovação.
Deste modo, participei activamente nas campanhas políticas do Mário Soares para a Presidência da República entoando o slogan de "Soares é Fixe" com entrega e dedicação. Hoje em dia tenho vontade de rir ao me lembrar do tamanho da bandeira que agitava e que era de tal forma pesada que batia constantemente na cabeça do vizinho da frente.
Olhando para trás não me arrependo, mas confesso que actualmente me apetece ir antes para as ruas gritar "Soares é Triste", pois irrita-me solenemente a arrogância com que este senhor se autoproclama o símbolo da democracia portuguesa e o salvador de uma pátria sem heróis.
Votar no Cavaco Silva está fora de questão, (nestas circunstâncias o meu avô dava voltas no túmulo), mas votar no Soares também. O Manuel Alegre seria o meu candidato, restando-me o voto em branco para manifestar o meu profundo descontentamento com a situação.
(A propósito, para quem gosta de cães recomendo a leitura do livro do Manuel Alegre "Cão como Nós" para depois podermos comentá-lo)

Comentários

Anónimo disse…
o sr fanny boy desculpe que lhe diga , mas o senhor é um triste á séria!
Anónimo disse…
Até aqui este sr.não me larga!!Irra que é demais. Ó Eva nem o seu blog já é domocrático!!!
Anónimo disse…
Democrático.Sorryyyyyyyyyyyyyyyyyy
Anónimo disse…
tem piada o gaiato hein?"?!??!?!

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