Adeus "general"...

Hoje, cerca das 8:00h da manhã, a minha mãe telefona-nos para casa. A Eva Luna atende e a meio da conversa faz um "haaaa" de exclamação e surpresa...Eu, ainda na cama, apercebi-me que algo não estava bem. Então a Eva Luna anuncia etupefacta, que nos roubaram o carro!

Dei imediatamente um salto da cama. -"O QUÊEE" gritei incrédulo - "não pode ser...o general". Sempre achei que "general" era um bom nome para o velho 2CV de 1983 que o meu pai comprou como carro de estimação! Talvez por achar que, de capota aberta e enroladinha para trás, ficava mesmo parecido com uma lata de atum (atum "general" claro) ou talvez por ter ainda no subconsciente resquícios de uma série televisiva que via na adolescência, em que três pacóvios faziam mil e uma tropelias com o seu "general lee" , um Dodge 1969 também ele vermelho ("os três dukes").

É verdade que estava parado à porta de casa dos meus pais há uns tempos. Faltava-lhe uma bateria nova, uma pintura e estofos para ficar como novo...É certo que nem sempre lhe dava o devido carinho e atenção, muito por falta de tempo, mas o certo é que esta manhã ele se fora. Cheguei a desejar que o tivesse feito ele próprio, por sua livre e espontânea vontade...que tivesse arrumado a mala (neste caso o porta-bagagens) e, farto de estar há tanto tempo inactivo, tivesse ido procurar melhores paragens. Mas não...era delírio meu...ele é e sempre foi apenas uma máquina! Fora alguém que, na calada da noite, com um plano bem engendrado, veio e o rebocou para uma qualquer garagem longínqua, para ser desmontado e vendido peça por peça a coleccionadores.

Liguei para a polícia para participar do furto e foi-me indicado que deveria fazê-lo pessoalmente no posto da GNR do local. Saí de casa com um nó no coração, em direcção à polícia, mas antes de formalizar a queixa decidi fazer uma missão de reconhecimento pela zona...pelo sim, pelo não...

Sonhava ainda poder encontrá-lo nas redondezas, dentro de uma garagem entreaberta, camuflado por entre uns arbustos, escondido algures com uma lona velha...desejei mesmo que alguns jovens o tivessem, por brincadeira, empurrado e ele estivesse na rua seguinte abandonado. Mas não... corri toda a freguesia e nada...evaporara-se. Mesmo antes de partir rumo à esqudra da GNR, aconteceu o impossível...localizei o "general"...num sítio familiar...mesmo nas traseiras do prédio da minha mãe! Não é que o mecânico decidiu mudar o carro de sítio, à noite, sem avisar ninguém?

Quanto à minha mãe, espero que passe a ir mais à janela das traseiras...pode ser que evite alguns "casos de polícia". Quanto a mim, aprendi bem a lição relativamente ao "general"...a partir de agora, juro amá-lo e respeitá-lo até que um furto a sério nos separe!